Antigo ministro socialista António Vitorino vai ser ouvido no processo EDP
Ex-comissário europeu será inquirido, no dia 30, sobre os seus cargos no grupo EDP e as relações da empresa de energia com a Odebrecht.
António Vitorino é o senhor que se segue no processo EDP. No dia 30, pelas 15h00, os procuradores do Departamento Central de Investigação e Acção Penal (DCIAP) vão questionar o ex-ministro de António Guterres e actual responsável pela Organização Internacional para as Migrações sobre os cargos que desempenhou no grupo EDP e sobre um parecer que deu sobre a lei dos custos de manutenção do equilíbrio contratual (os famosos CMEC), antes de ser nomeado para a assembleia-geral da eléctrica em 2013.
Os magistrados querem também saber mais informações sobre os 13 milhões de euros pagos pela empresa de energia ao consórcio do Baixo Sabor, onde estava a Odebrecht, e descobrir mais sobre o misterioso “Príncipe”, um português que terá recebido subornos da construtora brasileira.
Por estar fora do país, e devido à pandemia, o ex-ministro e antigo comissário europeu será ouvido por videoconferência.
O processo EDP começou por investigar as chamadas rendas excessivas da energia. A meio, os procuradores Carlos Casimiro Nunes e Hugo Neto descobriram pagamentos de Ricardo Salgado a Manuel Pinho, via Espírito Santo Enterprises (a empresa do GES que terá servido para transferências de verbas não documentadas), quando este já era ministro da Economia. Pinho passou então a ser suspeito de tomar decisões favoráveis à EDP, da qual o BES era accionista, em troca de um lugar como professor na Universidade de Columbia, em Nova Iorque.
António Mexia e João Manso Neto abandonaram os seus cargos na empresa de energia depois de serem indiciados por quatro crimes de corrupção activa e um de participação económica em negócio, e de serem suspensos de funções pelo juiz Carlos Alexandre.
Recentemente, o processo passou a englobar novas suspeitas, relacionadas com alegados pagamentos de subornos a portugueses, entre Setembro de 2008 e Março de 2009. O DCIAP cruzou os dados das autoridades brasileiras com os indícios recolhidos no processo EDP e constatou que essas luvas terão sido pagas em datas próximas de reuniões entre Mexia, Pinho e Salgado.