Na semana em que se comemora o Dia da Mãe, utilizo o espaço desta rubrica para dedicar o texto ao meu filho.

Ser sua mãe é a coisa mais importante da minha vida. Bem sei que existimos antes de ter filhos mas, a partir do momento em que soube que ia ser mãe, as coisas mudaram, a responsabilidade cresceu e a vontade de fazer mais e melhor também.

O meu filho nasceu em 2016, um ano memorável em que Portugal foi campeão da Europa em futebol. Infelizmente, foi também o ano em que, no Governo, tínhamos a geringonça de António Costa. Esta geringonça, criada em Novembro de 2015, era um cenário improvável no nosso país. Apesar de não ter sido o partido mais votado nas eleições, o executivo socialista, liderado por António Costa, conseguiu governar durante quatro anos graças a um acordo escrito com vários partidos de esquerda. A geringonça foi formada pelo PS com o PCP, o Bloco de Esquerda e o partido “Os Verdes”.

Geringonça significa “o que é mal feito”, com estrutura frágil e funcionamento precário. Apelidaram o então governo de António Costa de geringonça. Este termo encaixou como uma luva e passou a ser adoptado por comentadores políticos e pelos próprios integrantes desta coligação de esquerda. Durante quatro anos, o nosso país foi gerido com base nas ideologias e nas posições defendidas por estes líderes nacionais, e eu nem queria acreditar que o meu filho tinha nascido num ano em que, em Portugal, o BE e o PCP integravam um governo.

Em 2019 descobri um partido novo. Na altura, a primeira coisa que me chamou a atenção foi existir um partido que defendia que eu devia poder escolher a escola do meu filho e o hospital onde queria ser tratada. Mas que lufada de ar fresco era aquela? Quando o meu filho nasceu, e perante o cenário político no nosso país, decidi que tinha de fazer mais. E assim foi. O tal partido que defendia a escolha da escola e do hospital, afinal, defendia muito mais ideias com as quais concordava. E soube ali que estava no momento de sair do sofá e lutar para que o meu filho e todas as futuras gerações tenham a oportunidade de viver num Portugal melhor para todos.

Portugal tem de ser, para estas crianças e jovens, um país de oportunidades, de igualdade de acesso ao ensino e à saúde, mas igualdade verdadeiramente, não apenas ideológica, porque existe uma enorme diferença entre aqueles que defendem uma igualdade que limita os cidadãos e aqueles que defendem os seus direitos verdadeiramente. Decidi que tinha de lutar por um país onde o meu filho possa ser quem quiser e em que o seu mérito seja o que o conduz ao seu objectivo, ao invés de um cartão de um qualquer partido político.

Decidi lutar por um país melhor para o meu filho.

Mas isso também exige muito de nós, todos os dias. Para que as coisas aconteçam, e porque o tempo não estica, muitas vezes, o tempo pessoal e familiar é também sacrificado por esta luta por um país melhor. Muitas vezes, os almoços, jantares e idas ao parque acontecem com a mãe ao telefone, porque está a lutar por um país melhor. Muitas vezes, o tempo que podia ser de brincadeira é passado a ver a mãe no computador numa qualquer reunião.

Quando se discute a baixa participação das mulheres na vida política, acredito que seja muito por isto, porque, no fim do dia, o coração de uma mãe fica dividido entre aquilo em que acredita e a angústia de não estar a fazer o suficiente.

Mas acredito que um dia o meu filho vai perceber a opção e espero sinceramente que, no futuro, todos os sacrifícios de agora sirvam para que o meu filho possa escolher ficar em Portugal ao invés de ter de pensar em emigrar por não ter aqui as condições necessárias para viver uma vida feliz e, acima de tudo, com condições.

E por isso, neste Dia da Mãe, agradeço ao meu filho a paciência e sabedoria que, com os seus sete anos, me permitem continuar, pois sei que, apesar de muito pequenino, já entende o que é lutar pelo que acreditamos, e agradeço à minha família por todo o apoio na defesa dos meus ideais.