Adesão à greve dos médicos no Algarve, Alentejo e Açores entre 80 e 100%
Roque da Cunha salienta a “adesão muito expressiva à greve” regional. Durante o mês de setembro seguem-se outras paralisações. Governo e sindicatos voltam a reunir-se a 11 de setembro.
O Sindicato Independente dos Médicos (SIM) anunciou esta quarta-feira que entre 80 e 100% dos médicos aderiram, nas primeiras horas, à greve que desde as 00h00 está a ser realizada por estes profissionais no Algarve, Alentejo e Açores.
“Há uma adesão muito expressiva à greve”, resumiu à agência Lusa o secretário-geral do SIM, Jorge Roque da Cunha, num balanço da situação feito ao fim da manhã. O responsável assegurou que todos os profissionais envolvidos nos serviços mínimos estão a trabalhar, mas realçou a grande adesão nos restantes serviços.
Segundo Roque da Cunha, a adesão nas consultas externas é de cerca de 92% no Algarve e 85% no Alentejo; nos blocos operatórios é de 100% no Algarve e no Alentejo; e nos cuidados de saúde primários (centros de saúde) é de 92% no Algarve e de 85% no Alentejo.
Quanto aos Açores, afirmou ainda não ter dados consolidados, mas estimou a adesão em 75% nas consultas externas, 80% nos blocos operatórios e 80% nos cuidados de saúde primários.
Num ponto de situação feito a meio da manhã, no primeiro de dois dias da paralisação regional, Jorge Roque da Cunha tinha afirmado que “o grande responsável” desta greve é o governo porque, apesar de o SIM, durante um ano e três meses, tudo ter feito para a evitar, não teve outra hipótese, reconhecendo que esta ação causa “grandessíssimas perturbações”.
“Tentámos neutralizar, de alguma maneira, com estas greves regionais, não afetando toda a gente, mas queremos que o Governo aplique os nossos impostos naquilo que deve (…) que é no nosso Serviço Nacional de Saúde (SNS)”.
Os sindicatos representativos dos médicos e o executivo concluíram em 10 de agosto uma quinta reunião negocial extraordinária, em Lisboa, sem chegarem a acordo sobre a revisão da grelha salarial, principal item do caderno reivindicativo apresentado à mesa das negociações, iniciadas em 2022, estando agendada uma nova reunião negocial para 11 de setembro.
O Sindicato Independente dos Médicos tem agendadas greves noutras regiões do país, designadamente nos dias 6 e 7 de setembro na Administração Regional do Norte, abrangendo, por exemplo, o Centro Hospitalar de São João, no Porto.
Segue-se depois, a 13 e 14 de setembro, uma paralisação na região de Lisboa e Vale do Tejo, que inclui, por exemplo, o Hospital Beatriz Ângelo, em Loures, o Hospital Garcia de Orta, em Almada, e o Instituto Português de Oncologia de Lisboa Francisco Gentil.
Nos dias 20 e 21 haverá nova greve na região Norte, que afetará, por exemplo, o Centro Hospitalar Universitário de Santo António, no Porto. E a fechar o mês, a 27 e 28 de setembro, será a vez de os médicos que exercem funções em Lisboa e Vale do Tejo fazerem greve, nomeadamente os profissionais do Centro Hospitalar de Lisboa Norte, do Centro Hospitalar de Lisboa Central, do Centro Hospitalar de Lisboa Ocidental, do Hospital Professor Doutor Fernando Fonseca, do Centro Hospitalar do Oeste e do Centro Hospitalar do Médio Tejo, entre outros.
Da parte da Federação Nacional dos Médicos, foi esta semana convocada uma nova greve geral de dois dias para novembro (dias 14 e 15). O sindicato liderado por Joana Bordalo e Sá queixa-se do “silêncio” do governo relativamente à contraproposta sobre as grelhas salariais, novo regime de dedicação e integração do internato médico na carreira.
“Os médicos e o SNS não têm mais tempo a perder. A população em Portugal merece uma saúde universal, acessível, eficiente e de qualidade, e não pode continuar refém da incompetência do Ministério da Saúde e do Governo”, assinala a FNAM, que tem também agendada uma caravana pelo país, uma manifestação e uma deslocação ao Parlamento Europeu para a entrega de um manifesto em defesa da saúde pública.