O Dia da Europa, comemorado a 9 de Maio, marca o aniversário da Declaração Schuman, prestando-se tributo à paz e aos valores europeus. Com o pós-Segunda Guerra Mundial surge o ideal de uma Europa organizada e unida, em resultado da urgência em assegurar uma paz duradoura entre as nações. Avança uma nova ordem mundial em torno de interesses comuns, numa relação de cooperação, na qual vigora o princípio da igualdade dos Estados.

A celebração deste dia recorda-nos a importância de promover continuamente a paz, fortalecer a coesão e o espírito europeu, para um crescimento inteligente, sustentável e inclusivo. Sem obliterar que a UE se encontra em constante construção, traduzindo-se num projecto – sempre – imperfeito e inacabado.

É, no entanto, uma União reactiva, que nasce e avança nas crises, baseada mais no medo do que na convicção. Nasceu com o medo de novas guerras, criou instrumentos como o Mecanismo Europeu de Estabilidade com o medo do contágio da crise das dívidas soberanas, comprou vacinas em conjunto em consequência da pandemia, implementou um instrumento assente numa dívida comum com o medo das consequências dessa mesma pandemia, uniu-se na resposta à Ucrânia porque percebeu que a guerra estava à nossa porta e que, a seguir, seríamos nós as vítimas. Não antevemos, corremos atrás do prejuízo.

Para vencermos os múltiplos desafios que enfrentamos precisamos de proactividade e de líderes em vez de governantes. Uma Europa forte e geopolítica, com autonomia estratégica, não é compatível com os egoísmos nacionais vigentes. Os Estados-membros estão a ser financiados com fundos europeus numa dimensão nunca vista. No entanto, falta o financiamento de projectos comuns que permitam uma UE competitiva, forte e inclusiva, que reforce o sentimento de pertença e que aproxime os cidadãos europeus da Europa .

A pandemia demonstrou que a investigação na produção de vacinas e a compra em conjunto das mesmas foi um sucesso. A guerra resultante da invasão da Rússia à Ucrânia mostrou as nossas debilidades na segurança e abastecimento energético e provou a necessidade de investirmos e de nos coordenarmos na nossa defesa e segurança. Há que avançar para a União da energia, do digital, da ferrovia, da saúde, da defesa e da protecção civil.

A nossa autonomia estratégica pressupõe um reforço da cooperação com África e a América Latina. Portugal tem um papel preponderante e privilegiado neste objectivo. A nossa defesa implica a NATO.

Esta União é a solução para vencermos os desafios das alterações climáticas, do défice demográfico, da segurança e independência energética, da escassez dos recursos naturais, da segurança. Esta União reforçaria o nosso Estado social e reduziria os extremismos e o populismo de direita e de esquerda que estão – infelizmente – em crescimento.