A missa de Moullinex pela alma da pista de dança

Em luto e longe das discotecas, Moullinex regressa com “Requiem for Empathy”. É o seu mais inquieto disco até à data, sobre o qual conversou com o NOVO.

Em luto e longe das discotecas, Moullinex sentiu-se privado daquilo que nos une. Para reencontrar essa faísca, socorreu-se de dois velhos amigos: a música e a neurociência. Depois de um laboratório no Alentejo, edita agora “Requiem for Empathy”, o seu mais inquieto disco até à data, sobre o qual conversou com o NOVO.
Luís Clara Gomes gostaria de dizer uma oração. Juntem-se todos os caídos, aqueles que continuam à procura de terra firme. Mas estes versos não se dedicam apenas a quem sentiu a grande vertigem em 2020: pertencem a todos os que já antes disso lutavam contra um terror só seu.
Conhecemo-lo como Moullinex, nascido em 1984, uma das traves-mestras da electrónica nacional: uma cabeça de turbo, os seus braços sempre abertos, os ossos electrificados pelo ar. Embora natural de Viseu e radicado em Lisboa, faz estrada de Guimarães a Istambul, de Bogotá a Seul; completa a agenda com uma torrente de colaborações e noites estroboscópicas. Coisas que, no dealbar da pandemia, tendem a mirrar. Mas uma epifania antecipou-se ao hipervírus.
“Às vezes assusto-me, parece premonitório.” Aquartelado em casa, o produtor está connosco por videochamada, de olhar meigo e auscultadores cor-de-rosa. A franqueza nas palavras, mais do que revisitar os seus êxitos, ajuda-o a escrutinar os buracos. “Olhar para a frente é o meu modus operandi, é difícil saborear o que já tenho. Isso faz com que esteja permanentemente a trabalhar.”
Leia o artigo na íntegra na edição impressa do NOVO, nas bancas a 16 de Abril de 2021.