25 de Abril: Presidente da República diz que “este é um tempo de esperança na mudança”

Marcelo Rebelo de Sousa realça que “em democracia há sempre a possibilidade de criar caminhos diversos”. E classifica visita de Lula da Silva como uma “coincidência feliz”. Presidente do Parlamento defende que “devemos respeitar o tempo de cada instituição, sem atropelos nem precipitações”.

O Presidente da República defendeu que “este é um tempo de esperança”, porque em democracia podemos ter “esperança na mudança”. “Em democracia há sempre a possibilidade de criar caminhos diversos. Pode demorar tempo, podem ser insuficientes e imperfeitos, mas existem sempre e existiram sempre ao longo destes 50 anos”, afirmou Marcelo Rebelo de Sousa, na sessão solene comemorativa do 25 de Abril na Assembleia da República.

O chefe de Estado reconheceu que a democracia tem conhecido “sucesso e fracassos”, mas a grande vantagem é que a “última palavra” cabe ao povo. “A última palavra é do povo, tendo a possibilidade que só em liberdade e democracia existe de continuar a escolher o 25 de Abril que quer, mesmo que saiba que é imperfeito, que durará pouco tempo, que ficará aquém das expectativas”.

Sem ignorar a polémica com a visita de Lula da Silva, o Presidente classificou como uma “coincidência feliz” a vinda do presidente brasileiro a Portugal e defendeu que faz todo o sentido “termos tido este ano entre nós aquele que foi pioneiro na descolonização: o Brasil”.

“Também isso nos serve para nós olharmos para trás, a propósito do Brasil, e assumirmos plenamente a responsabilidade por aquilo que fizemos. Não é apenas pedir desculpa — devida, sem dúvida — por aquilo que fizemos (… ) é o assumir a responsabilidade para o futuro daquilo que de bom e de mau fizemos no passado”, acrescentou o Presidente da República.

Depois das justificações sobre a visita de Lula da Silva, Marcelo referiu-se a uma das principais bandeiras do Chega: a imigração. “Como podemos nós, pátria de emigração, ser egoístas perante os dramas dos imigrantes?”.

Antes do discurso do Chefe de Estado, Augusto Santos Silva, presidente da Assembleia da República, defendeu que “devemos respeitar o tempo de cada instituição, sem atropelos nem precipitações”.

Sem ignorar o momento que o país está a viver e a ameaça de eleições antecipadas, Augusto Santos Silva alertou que “todos perderemos no dia em que renunciarmos a distinguir entre erros localizados, ainda que graves, e crises prolongadas e sistémicas, e no dia em que aceitarmos que a vida de um parlamento ou de um Governo — sejam eles quais forem – está dependente do nível de protesto deste ou daquele setor, do favor da opinião publicada, da perceção dos média, do ruído nas redes sociais ou da evolução das sondagens”.

O Presidente do Parlamento considerou que “nada é eterno” e “os que hoje são oposição, amanhã serão governo”, mas “as eleições legislativas ocorrem a cada quatro anos, determinam a composição do Parlamento e é a partir dessa composição e só dela que se formam os governos e as oposições”. A bancada do PS aplaudiu de pé a intervenção de Augusto Santos Silva.