Marielle Franco. Cinco anos depois, a incógnita persiste: quem mandou matar e porquê?

Mistério do crime pode estar mais perto de ser desvendado com abertura de novo inquérito que, revelou esta terça-feira o ministro da Justiça brasileiro, já teve “desenvolvimentos”.



Treze tiros foram disparados contra o carro em que seguia a vereadora Marielle Franco, na noite de 14 de Março de 2018, tendo quatro atingido a sua cabeça, após sair de um evento no centro do Rio de Janeiro, no Brasil. O motorista do veículo, Anderson Gomes, também foi baleado, com três balas, e morreu. Cinco anos depois, ainda sem culpados, o mistério do crime pode estar mais perto de ser desvendado.

O ministro da Justiça brasileiro, Flávio Dino, revelou na manhã desta terça-feira, em declarações aos jornalistas, que houve “desenvolvimentos”, após ter determinado a abertura de um inquérito, a 22 de Fevereiro, para investigar as circunstâncias do crime contra a também activista pelos direitos humanos. “Estamos a fazer o máximo para ajudar a esclarecer tais crimes”, disse Dino, aquando do anúncio, na rede social Twitter.

A investigação é da responsabilidade e actuação exclusiva da Polícia Federal, com o auxílio do Ministério Público do Rio de Janeiro, com base nas informações apuradas sobre o crime pela Polícia Civil daquela cidade.

Quando assumiu o cargo, o ministro afirmou que era “questão de honra” desvendar o mistério do atentado contra a vereadora do Rio de Janeiro pelo Partido Socialismo e Liberdade (PSOL). Algo prometido pelo Presidente da República, Lula da Silva, que já na pré-campanha lançou dúvidas sobre a possível relação do crime com o ex-presidente Jair Bolsonaro — tese descartada posteriormente.

Ao fim de cinco anos, o novo avanço na investigação procura a resposta a duas perguntas que permanecem incógnitas: quem mandou matar Mariellle Franco e porquê? Isto, após várias mudanças na equipa de investigação da Polícia Civil do Rio (tendo sido chefiada por cinco inspectores diferentes) e do MP (com três grupos diferentes de promotores, tendo duas abandonado o caso por risco de “interferências externas”).

Por outro lado, a averiguação da Polícia Civil do Rio resultou, em 12 de Março de 2019, na prisão dos dois ex-polícias militares Ronnie Lessa (que teria feito os disparos) e Elcio Queiroz (suposto motorista do carro, que perseguiu aquele em que seguia Marielle, de onde teriam sido feitos os disparos). Os dois acusados, até ao momento, aguardam julgamento preventivamente com data a ser marcada.

Marielle Franco nasceu e cresceu na favela da Maré, no Rio de Janeiro, no Brasil. Foi eleita vereadora municipal do Rio de Janeiro pelo PSOL - a quinta maior votação - para a legislatura 2017-2020 e trabalhou para promover e defender os direitos das mulheres negras, da comunidade LGBTQ+ e dos jovens. Recusava-se a ficar em silêncio sobre execuções cometidas pela polícia e denunciava destemidamente a injustiça.

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