O Presidente francês, Emmanuel Macron, vai dar uma aguardada entrevista televisiva na próxima quarta-feira, 22 de Março, dois dias após terem sido rejeitadas duas moções de censura contra o Governo de Élisabeth Borne, da sua maioria presidencial. Em causa esteve, e ainda está, a controversa reforma das pensões — que aumenta a idade da reforma de 62 para 64 anos — que desencadeou protestos em massa que não têm fim à vista.
Segundo o gabinete do chefe de Estado, Macron responderá a perguntas de jornalistas das emissoras TF 1 e France 2, às 12h00 em Portugal Continental (uma hora a mais em França) de quarta-feira, durante uma entrevista em directo.
Não à dissolução, à remodelação e ao referendo
Durante uma reunião no Eliseu na manhã desta terça-feira, o Presidente Francês revelou que não pretende dissolver a Assembleia ou remodelar o Governo. Diante de funcionários do executivo e da maioria, incluindo a primeira-ministra Elisabeth Borne, disse também que não pretende convocar um referendo sobre a reforma das pensões, citou a franceinfo.
Macron deverá ainda reunir-se esta terça-feira com o presidente da Assembleia, Yael Braun-Pivet, do seu partido centrista Renascença, e com o presidente de direita do Senado, Gerard Larcher.
287 detidos após protestos contra a rejeição de moções ao Governo
Na segunda-feira, 21 de Março, o executivo francês sobreviveu a duas moções de censura apresentadas por grupos da oposição — os centristas e independentes LIOT e os extremados da direita Reunião Nacional — com uma a falhar (LIOT) por apenas nove votos na Assembleia Nacional. O que levou, novamente, centenas de pessoas às ruas de várias cidades.
Segundo a Reuters, a polícia deteve 287 pessoas em todo o país (234 só em Paris) na noite de segunda-feira durante tensos confrontos entre manifestantes e forças de segurança, com vários grupos a queimarem caixotes do lixo, bicicletas e outros objetos.
Cenas semelhantes foram relatadas em outras cidades francesas, incluindo Dijon e Estrasburgo, onde manifestantes chegaram a partir as vitrines de uma loja.
O primeiro pronunciamento de Emmanuel Macron aos franceses, prometendo os opositores não recuar, antecede uma nova ronda de greves e protestos convocada para esta quinta-feira, 23 de Março, que se espera que volte a paralisar o país em várias áreas.