Centeno admite riscos de crise financeira mas garante que “não há forma de o euro estar em risco”

O governador do Banco de Portugal defende que há melhores condições para lidar com esses riscos. Prevê desaceleração da economia europeia no próximo ano.

Mário Centeno admitiu esta segunda-feira que há riscos de crise financeira na zona euro, mas afastou o risco do fim do euro, como se chegou a recear no início da década anterior. O governador do Banco de Portugal marcou presença na conferência CNN Portugal Summit, que decorreu na sede da Caixa Geral de Depósitos, em Lisboa.

“Do ponto de vista do banco central, aquilo que temos de garantir é que esta crise económica que se desenha no nosso horizonte — e se se desenha é um risco, não é materialização — não se transforme em crise financeira”, disse Centeno, acrescentando, porém, que os riscos de crise financeira “não podem ser retirados de cima da mesa”.

Os riscos em causa são os de “haver fragmentação financeira na área do euro” e de “as condições de financiamento não estarem disponíveis de forma igual para todos os sectores e em todas as jurisdições”.

Porém, apesar desses riscos, Mário Centeno garantiu que “hoje, na área do euro, temos um conjunto de instituições muito mais fortes do que tínhamos em crises anteriores” e que há melhores condições para “lidar com esses riscos”. O governador do Banco de Portugal deixou uma certeza. “Não há nenhuma forma de o euro estar em risco”, sublinhou.

Centeno traçou um cenário menos optimista no que diz respeito à economia europeia no próximo ano, estimando que Portugal e o euro vão crescer menos em 2023. O Banco de Portugal prevê um crescimento de 2,6% da economia portuguesa no próximo ano, uma travagem abrupta comparativamente aos 6,3% de 2021. A zona euro vai passar de 2,8% para 2,1%.

“Prevemos que haja uma desaceleração do crescimento económico em 2023, aliás, uma previsão que é partilhada por todos os países na Europa”, afirmou Mário Centeno.

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