No segundo encontro a contar para a fase de qualificação para o Europeu 2024, Portugal goleou e convenceu na deslocação ao Luxemburgo, muito graças a uma primeira parte de extrema eficácia. Os quatro remates na direcção da baliza deram em golo. Melhor era mesmo impossível.
Roberto Martínez fez poucas alterações. Diogo Dalot, António Silva, Nuno Mendes renderam, respectivamente, João Cancelo, Gonçalo Inácio e Raphael Guerreiro – isto tendo como comparação a recepção ao Liechtenstein. O espanhol queria mais frescura e resolveu colocar jogadores que não cumpriram qualquer minuto em Alvalade. E parece ter feito bem, mostrando que os alas são peças-chave no seu 3x4x3, um pouco à semelhança do esquema que Rúben Amorim utiliza no Sporting.
Ainda com o jogo numa fase de algum equilíbrio, Bruno Fernandes descobriu Nuno Mendes ao segundo poste e a bola sobrou para Ronaldo fazer um dos golos mais fáceis da carreira. Estávamos no nono minuto e Portugal tinha feito tanto como o Luxemburgo para justificar o golo.
Quase logo a seguir, aos 15’, João Félix respondeu de cabeça a um cruzamento de Bernardo Silva. Estava feito o 2-0 e muita da incerteza quanto ao vencedor terminava cedo demais.
Mas o Luxemburgo mal teve tempo para respirar. Noventa segundos após o golo de João Félix, João Palhinha desmentiu todos aqueles que só o vêem como um destruidor de jogo e fez um passe soberbo para Bernardo Silva apontar o primeiro golo de cabeça pela equipa das quinas.
Os homens do grão-ducado, que três dias antes tinham empatado na Eslováquia, pareciam atordoados, pois mal Portugal passava do meio-campo parecia que era meio golo. No quarto remate enquadrado, o quarto golo. A antiga sociedade do Manchester United, Bruno Fernandes e Cristiano Ronaldo, fez o 4-0, com o selo final a pertencer ao melhor goleador de sempre de Portugal. E vão 121. Destes, 11 foram ao Luxemburgo, a principal vítima do avançado do Al-Nassr.
E não fosse uma posição irregular e Danilo tinha feito o 0-5 ao quinto remate enquadrado. Tamanha eficácia não costuma rimar com Portugal, que mostrou estar implacável no ataque à baliza do angustiado Moris.
No segundo tempo, o Luxemburgo esboçou uma reacção, tentou levar o jogo para uma vertente mais física e colocou à prova Rui Patrício. Os visitados foram somando cantos, mas muita parra e pouca uva.
Roberto Martínez começou a fazer trocas; aos 64’ retirou Cristiano Ronaldo e Bernardo Silva, colocando em campo Gonçalo Ramos e Rúben Neves, sendo de realçar o ar surpreso do madeirense quando viu que ia sair de campo.
Mas foi aos 75’ que Portugal deu a estocada final com as entradas de Rafael Leão e Otávio para os lugares de João Félix e Bruno Fernandes. O avançado do AC Milan, sedento de mostrar serviço, estilhaçou completamente os luxemburgueses. Ofereceu o 0-5 a Otávio aos 77’, aos 84’ sofreu falta para penálti e, sem os marcadores habituais em campo, assumiu a cobrança, mas permitiu a defesa ao feliz Moris. E, finalmente, aos 89’ fez mesmo o golo que sentenciou o marcador, depois de uma bela solicitação de Rúben Neves, que antes, num livre, tinha atirado à barra.
Em suma, uma goleada convincente frente a uma equipa que já foi fraca, com Roberto Martínez a mostrar que há elementos de que dificilmente vai abdicar, como Rúben Dias, João Palhinha, Bruno Fernandes e Bernardo Silva.
O técnico espanhol continua, no acumulado pela Bélgica e por Portugal, sem derrotas em fases de qualificação e conseguiu, neste domingo, colocar a equipa das quinas a marcar quatro golos numa primeira parte, o que já não acontecia desde Novembro... de 2003, frente ao Kuwait.